Neste 07 de Setembro, a FITIASP reafirma o compromisso com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras pela verdadeira independência, que só será alcançada com a superação do modelo econômico atual.
Hoje (07) o Brasil celebra mais um Dia da Independência. A data, historicamente marcada pela proclamação da autonomia do país frente à metrópole portuguesa em 1822, representa, na memória coletiva, um momento de ruptura e libertação. No entanto, para muitos trabalhadores e trabalhadoras, o significado desta data deve ser reavaliado à luz das desigualdades que ainda persistem em nosso país. Afinal, o que se comemora? A independência de quem?
O discurso oficial, ensinado nas escolas e reproduzido por governos, fala de um Brasil que se libertou da opressão estrangeira, alcançando sua soberania política. No entanto, é preciso refletir: a independência de 1822 foi, de fato, a libertação para todos os brasileiros? Para a classe trabalhadora, especialmente aqueles e aquelas que atuam nas indústrias, como os milhares de operários e operárias do setor de alimentação, a resposta a essa pergunta é dolorosamente negativa.
A falsa independência e a continuação da opressão
A independência de 1822, liderada por D. Pedro I, não representou uma ruptura significativa com as estruturas de poder que já estavam em curso. Embora o Brasil tenha se desvinculado politicamente de Portugal, a elite agrária e escravocrata manteve intactos seus privilégios, perpetuando um sistema de exploração que hoje se reflete na concentração de renda e no controle das riquezas nacionais por um pequeno grupo. A liberdade conquistada naquela época foi para a elite, não para a maioria da população.
Os trabalhadores e trabalhadoras, tanto em 1822 quanto agora, continuam à mercê de um sistema capitalista que explora a força de trabalho em benefício da burguesia. Mesmo no século XXI, com os avanços tecnológicos e sociais, o modelo econômico imposto pelo capital globalizado submete a classe trabalhadora a condições de extrema precariedade e exploração. No setor de alimentação, por exemplo, a terceirização, a rotatividade e os baixos salários ainda são uma realidade amarga para milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
A soberania popular e a luta de classes
Se queremos falar de uma verdadeira independência, devemos ir além das formalidades políticas e examinar a questão sob o prisma da soberania popular. A independência de uma nação só é completa quando seu povo, em especial seus trabalhadores e trabalhadoras, possui condições dignas de vida, acesso justo às riquezas produzidas e a liberdade de decidir os rumos da sociedade. No entanto, essa soberania está longe de ser realidade para a maioria dos brasileiros.
O 07 de setembro deve servir como um dia de reflexão para os movimentos sindicais e sociais sobre a verdadeira independência que almejamos. Enquanto o capital financeiro e a burguesia controlarem os meios de produção e a política, nossa luta continuará. A classe trabalhadora, responsável por mover a economia do país, segue explorada e marginalizada. Hoje, mais do que nunca, os sindicatos têm o papel crucial de resistir às investidas contra os direitos trabalhistas, que vêm sendo desmontados sistematicamente desde a Reforma Trabalhista de 2017.
A crítica ao atual momento: desigualdade e desemprego
Vivemos em um Brasil onde mais de 2,5 milhões de pessoas enfrentam a fome, fruto de um sistema que prioriza os lucros de poucos à custa da miséria de muitos. Em vez de celebrar uma independência que, na prática, nunca foi concluída, devemos denunciar a persistência das desigualdades estruturais que mantêm milhões de trabalhadores e trabalhadoras em condições de quase escravidão moderna.
As indústrias de alimentação, setor vital para a economia do país, são um exemplo claro desse paradoxo. Enquanto os donos das grandes corporações acumulam lucros bilionários, os trabalhadores que garantem a produção são submetidos a jornadas exaustivas, ambientes insalubres e salários que mal cobrem o custo básico de vida. Esse cenário reflete a concentração de riqueza que caracteriza o modelo capitalista brasileiro.
A luta sindical pela verdadeira libertação
Neste 07 de Setembro, a FITIASP reafirma o compromisso com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras pela verdadeira independência, que só será alcançada com a superação do modelo econômico atual.
Nossa luta é pela soberania do povo, pelo fim da exploração, pela equidade de direitos e pela garantia de condições dignas de trabalho. A libertação que buscamos vai muito além de um ato simbólico de independência política; é uma luta pela emancipação econômica e social.
Precisamos lembrar que a verdadeira independência só será alcançada com a união da classe trabalhadora em torno de pautas progressistas que questionem as estruturas de poder. A resistência sindical é uma arma fundamental contra o avanço da precarização, e o fortalecimento dos sindicatos é crucial para que possamos barrar as tentativas da elite de retirar direitos duramente conquistados.
Portanto, neste 07 de setembro, convidamos todos os trabalhadores e trabalhadoras a refletirem sobre o significado real da independência. Que esta data sirva como um lembrete de que a luta pela liberdade, pela igualdade e pela justiça social continua. Enquanto o capital seguir dominando as relações de trabalho e a política, nossa independência será incompleta.
Que a bandeira da soberania popular, do direito ao trabalho digno e da luta contra a opressão econômica seja a nossa verdadeira independência.
Fortaleça seu sindicato!
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